quarta-feira, 5 de março de 2008

Seminário aborda conceitos de jornalismo online

Completando oito anos de vida, o site Jornalistas da Web (JW) com o apoio da British Council, promoveu,no dia 28 de fevereiro, o Seminário de Jornalismo Online, realizado no Auditório do Campus II da Facha (Faculdades Integradas Hélio Alonso, Rio de Janeiro). Mário Cavalcanti, fundador, diretor e editor executivo do JW, foi o mediador do evento. A mesa de palestrantes era composta de duas profissionais atuantes no mercado: Sabrina Valle, jornalista do Globo Online, e Renata Castro, assessora de Comunicação da Shell. Como contraponto, dois outros com experiência em ensino de jornalismo online e disciplinas ligadas à nova mídia: Maracy Guimarães, professora e jornalista especializada em comunicação comunitária, e Bruno Rodrigues, instrutor de Webwriting, consultor em informação para mídia digital da Petrobrás e professor de Pós-Graduação e Cursos de Extensão, ambos da Facha.

Bruno iniciou o debate falando do lado negativo da profissão do jornalista de Web: “Nos dias de hoje, os estudantes se formam já para o mercado de internet, cuja linguagem diferenciada assusta: matérias rápidas, de fácil entendimento e, em alguns casos, sem o profissionalismo exigido no jornal impresso - o famoso imediatismo”. Na faculdade, a idéia que é passada é outra. Algumas já introduziram no currículo matérias obrigatórias de linguagem direcionada à nova plataforma de comunicação, outras ainda possuem um déficit significativo que vem tomando grandes proporções na área de atuação. O professor afirmou, também, que os jovens acadêmicos precisam dominar uma ferramenta de publicação em caso de uma situação emergencial. Na mudança de um título, um erro ortográfico ou um furo de reportagem que, necessariamente, deve ser publicado in time, até mesmo para atuar em comunicação empresarial, fazendo conteúdo para comunicação interna e sites institucionais.

Jovem atuante defende a formação generalizada do profissional
Sabrina foi a segunda a discursar e discordou da posição de Bruno e de outros participantes da platéia, quando diziam que o Brasil estava atrasado tecnologicamente em relação à exploração de texto para Web nas grandes instituições de ensino. Ela defendeu a idéia da profissão como um todo. Desde 1808 existe imprensa e, somente, há 13 anos, internet e nem por isso as pessoas deixaram de comprar seu jornal pela manhã, a caminho do trabalho ou no intervalo de uma reunião. O jornal online veio para multiplicar informação diária e não para gerar conflitos, muito menos competição. É mais do que garantido o consumo do jornal de papel por certo indivíduo que é freguês há 20 anos e vai continuar sendo por mais 30. Renata completou Sabrina relatando sua primeira experiência, como estudante, na Escola de Comunicação da UFRJ: “Fazíamos um jornalzinho que era distribuído entre os alunos da faculdade, até que surgiu uma oportunidade de tirar do papel e colocar em formato html. O TJ não mais seria, exclusivamente para os estudantes. Aos poucos, se tornaria um site de comunicação de massa como outro qualquer.”

Maracy alerta para os tempos de estudante, na Facha, época em que o computador nem sonhava em ser criado, muito menos a internet, e a máquina de escrever dominava as aulas de redação: “Se você levantasse para ir ao banheiro, tinha que tirar uma letra do teclado e guardar no bolso para que outro não roubasse o seu instrumento de trabalho. Era uma disputa acirrada”. Lembra, também, dos estágios nas pequenas emissoras de televisão, da precariedade do equipamento, da falta de transporte e de público: “Na TVE, dificilmente conseguíamos uma notícia-bomba, quando isso acontecia era porque ligávamos para a agência de notícias falando que éramos da equipe TV Globo, assim eles nos passavam a informação e dávamos o furo de reportagem, só não tinha audiência”.

Com 18 anos de formada, Maracy diz ser muito grata por todas as oportunidades da vida, por ter acompanhado de perto o processo de digitalização da informação – no Jornal do Brasil – e afirma que a internet é um bem maior para a evolução do ser humano e que todos deveriam entender por esse ponto de vista, inclusive os jornalistas. São transformações naturais que não têm freio: “Primeiro foi o jornal papel, depois a TV, o rádio, internet e por aí vai”, avalia. O melhor é absorver e esperar pela próxima novidade, que pretende agregar todas as diferentes plataformas de comunicação num só meio.


Fernanda Falcão

Um comentário:

Ana Ullmann disse...

Olha, não sou jornalista, mas como estamos as duas no campo da Comunicação Social, eu acho que posso até dar uma opinião com alguma propriedade.
Bom, eu concordo com a Sabrina. Tudo que aconteceu e vem acontecendo, tecnologicamente falando, vem acrescentando. Os hábitos se mantém e se acumulam. A vida se torna mais fácil em certos aspectos, mas existem costumes dos quais não vamos abrir mão nunca.
Não acredito que devemos nos desesperar e acreditar que a "geração internet" (da qual somos parte) perde de um lado para ganhar do outro, mas sim que acrescentamos cada vez mais conhecimento ao conhecimento que já temos.